(O Trabalho)
Ogun, “O Poderoso do mundo”, é um dos Orixás mais populares e amados na cultura iorubá. Orixá do calor, da força e da energia, é o dono do trabalho, porque possui todas as ferramentas como seus símbolos.
Agricultor por excelência, desenvolveu a tecnologia a serviço do homem.
Seu metal é o ferro. Ele transforma o ferro para criar as ferramentas necessárias para o trabalho do homem. Com a foice ele abriu os primeiros caminhos para o resto do mundo. Com a faca ele abre orifícios na face humana e faz surgir os olhos. Com o ancinho ele arou terras e plantou, com a tesoura cortou peles e inventou os abrigos. Com o machado cortou árvores para construir abrigos, com o martelo e pregos pôde unir os troncos. Com a cunha pode levantar grandes pesos. E assim aconteceu de Ogun, com a espada que forjou, guerrear e conquistar territórios para seu povo. Ele, no entanto, não quis ser rei, pois preferia os desafios ao poder. Continuou lutando e inventando para sempre. Onde existir trabalho e tecnologia estará Ogun.
Ogun é também compreendido como o orixá da guerra, no sentido de luta por transformação e novas conquistas. Ogun nunca se cansa de lutar, costuma-se chamar por sua ajuda em situações em que é extremamente difícil continuar lutando ou quando o inimigo é extremamente forte.
Ogun representa proteção, cortando com sua espada toda má influência, afastando de nós os nossos perseguidores e inimigos materiais ou espirituais.
(A Ação)
Exú, "o indulgente filho de Deus cuja grandeza está em toda a parte", o que quer dizer, aquele que se mostra favoravelmente disposto na apreciação do trabalho dos outros, capaz de desculpar ou perdoar, e que está em todo lugar, pois Ele é movimento e transformação.
Um de seus símbolos é o caracol, cuja espiral representa a constante evolução.
Exú é o pré-existente à ordem do mundo. Ele se transforma sem parar, mas não uniformemente, como é a própria vida. Onde há caos ele traz a ordem e onde a ordem ele promove o caos. Por ser o próprio dinamismo, é quem faz, com seus paradoxos, as coisas manterem-se vivas, mantendo o equilíbrio das trocas, provocando o conflito para promover a síntese. Tudo que se une, multiplica-se, separa-se, transforma-se, tudo é Exú, personificação do principio da transformação. Ele está associado ao nascente e ao futuro.
(O Aprimoramento)
E, finalmente, temos para 2009 a energia de Oxaguiã.
Oxaguiã é o Orixá do dinamismo e movimento construtivo, da cultura material. Seu domínio são as lutas diárias por sustento e trabalho e a paz. Oxaguiã incentiva o trabalho e a superação. Oxaguiã é o provedor, é o guerreiro da paz. Nunca entra numa batalha para perder, sempre ganhando suas lutas e superando quaisquer obstáculos.
É sempre retratado como um guerreiro forte, astuto e conquistador, Oxaguiã rege as inovações, a busca pelo aprimoramento, o inconformismo. É um Orixá relacionado com o sustento do dia a dia, gostando de mesa farta. Seu sustento vem do fundo da terra ou da floresta. Ele detém todas as armas e as usa para alcançar seus objetivos.
Diz-se que enquanto Ogun fornece meios (ferramentas e armas) Oxaguiã fornece inteligência e vontade para vencer. Representa o início de um movimento.
Com estas três fontes de energia, podemos dizer que 2009 será um ano de muito movimento, muita transformação através do trabalho. O homem e a sociedade estarão em evidência.
2009
MOVIMENTO, TRABALHO, RECONTRUÇÃO, MUDANÇA, VITÓRIA.
Um ano de mudanças profundas em todos os setores das atividades humanas, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de novos meios de produção, novas invenções, com tecnologia efetivamente a serviço da sociedade.
É um ano favorável para investir em novas carreiras, novos projetos, desde que focados em objetivos altruístas, examinando e reestruturando nossos valores.
Ogun nos proporciona força, determinação e habilidade para nos concentrarmos no trabalho árduo que será necessário para fazer as mudanças que nos permitirão deixar para trás o modelo de vida fracassado: o consumismo ilimitado, a desenfreada ganância e avareza, que provocam permanentes conflitos na sociedade.
Ogun nunca se acomoda. Está sempre lutando por transformações e
consegue grandes vitórias.
Três histórias envolvendo estes Orixás ajudam a refletir sobre a postura que devemos tomar para viver este ano com sabedoria.
OXAGUIÃ GANHA UMA CABEÇA
Oxaguiã, também conhecido como Ajagunã, é o conflito que antecede a paz; a revolução que antecede as transformações profundas; a instabilidade necessária ao dinamismo da vida e da sociedade e a busca do conhecimento. Ele é também guerreiro, e sente prazer em destruir para que o novo se estabeleça.
Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido.
Um dia encontrou Ori (a cabeça humana) numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado, branca. Apesar de feliz com sua cabeça. Ela esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos. E sofria muito. Foi quando um dia encontrou Iku, a morte, que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o orixá. Foi então que Ogun apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogun também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.
A partir deste dia ele e Ogun andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogun fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra. Oxaguiã promove o progresso. Não gosta de ver ninguém parado.
AJAGUNÃ DESTRÓI PALÁCIOS
Oxaguiã-Ajagunã, o filho guerreiro de Oxalá, andava junto com Ogun fazendo a guerra. Onde Ogun destruía uma cidade, Ajagunã construía outra maior e mais próspera. Conquistavam para seu povo todos os campos de inhame e todas as riquezas em ouro e escravos.
O jovem Oxalá não tinha descanso, estava sempre provocando novas situações, obrigando todo mundo a trabalhar e progredir. Onde a paz resultava em calmaria e preguiça ele provocava a discórdia e o movimento, ninguém podia se acomodar na presença de Ajagunã.
Um dia, entre uma batalha e outra, Ajagunã foi à cidade de Ogun em busca de munição. Lá chegando, viu que o povo festejava.
Tinham acabado a construção de um palácio novo, que ofereciam para o seu rei Ogun. A eles perguntou Ajagunã: "Que fazeis agora que o palácio está feito?" Responderam eles: "Descansamos de nosso feito. Festejamos". Disse Ajagunã: "Vosso rei está em guerra e tardará. Aproveitai o tempo e fazei um trabalho melhor. Um palácio mais belo e resistente, do qual ele haverá de mais se orgulhar". E tocou a parede do palácio com sua espada e o palácio ruiu. Ajagunã voltou para a guerra e quando, de outra feita, à cidade retornou, lá estava o palácio refeito, maior, mais imponente, mais bonito. Ao povo que comemorava com festas a conclusão da nova fortaleza de Ogun, perguntou Oxalá Ajagunã: "Que fazeis agora que o palácio está feito?" Responderam eles: "Descansamos do nosso feito. Festejamos". Disse Ajagunã: "Vosso rei está em guerra e tardará. Aproveitai o tempo e fazei um trabalho melhor. Um palácio mais belo e resistente, do qual ele haverá de se orgulhar". E derrubou o palácio de novo. E tantas vezes isso se repetiu que os habitantes daquela cidade se transformaram num povo de grandes construtores e sua engenharia é reconhecida até os dias de hoje. E tudo porque Ajagunã não gosta de ver ninguém parado.
OXAGUIÃ
ORIXÁ COMEDOR DE INHAME PILADO
Oxaguiã, rei de Ejigbô, o Elejigbô, chamado "Orixá-Comedor-de-inhame-pilado", inventou o pilão para saborear mais facilmente seus prediletos inhames. Todo o povo do seu reino adotou a sua preferência. Todo o povo de Ejigbô comia inhame pilado. E tanto seu comia inhame em Ejigbô que já não se dava conta de plantá-lo. E assim, grande fome se abateu sobre o, povo de Oxalá. Oxaguiã foi consultar Exú, que o mandou fazer sacrifícios e procurar o ferreiro Ogun, que naquele tempo viva nas terras de Ijexá. O que podia fazer Ogun para que o povo de Ejigbô tivesse mais inhame? - perguntou Oxaguiã. Ogun logo deu a solução: em sua forja, Ogun fez ferramentas de ferro. Fez a enxada e o enxadão, a foice e a pá, fez o ancinho, o rastelo, o arado. "Leve isso para o seu povo, Elejigbô, e o trabalho na plantação vai ser mais fácil. Vão colher muitos inhames, mais do que agora quando plantam com as mãos", disse Ogun. E assim foi feito e nunca se plantou tanto inhame e nunca se colheu tanto inhame. E a fome acabou.
O povo de Ejigbô, agradecido, ofereceu a Ogun banquetes de inhames e caracóis, feijão-preto regado com azeite-de-dendê e cebolas. Ogun disse a Oxaguiã: "Na casa de seu Pai todos se vestem de branco, por isso também assim me visto para receber as oferendas". E o povo o louvava e Ogun ficou feliz. Oxaguiã disse a Ogun: "Meu povo nunca há de se esquecer de sua dádiva." Dê-me um laço de seu abadá azul, Ogun, para eu usar com minha roupa branca. Vamos sempre nos lembrar de Ogun. E, do reino de Ejigbô até as terras de Ijexá, todos cantaram e dançaram.
Através destas três histórias que o Oráculo de Ifá nos revela para este ano podemos abstrair, entre outros recados, a necessidade de ação, de participação, de mobilização e de responsabilidade pessoal e social. O ano de 2009 traz energia para que tenhamos força de vontade e objetividade e vençamos nossas dificuldades através do trabalho, podendo realizar os nossos mais ousados projetos. Mas, lembre-se, nada se conquista sem garra e luta.
2009 é um ano de realizações! Mãos a obra!
Mais que existir, viva; mais que ajudar: sirva; mais que sonhar: realize.
Um comentário:
achei muito esclarecedor e muito útil parabens.
Postar um comentário