17.3.14

POEMA LOGUNEDÉ

De Logun edé herdei o trânsito, o riso fácil,
o puer aeternus (o eterno adolescente), a leveza, as paixões intensas e
temporárias;
De Logun Edé herdei a manipulação do outro, o
escracho, a dor sublimada em cada esquina;
De Logun Edé herdei a alegria exacerbada, a amor
demensurado e livre, a saudade.
Mas de Logun Edé também herdei a dúvida, a
dualidade, o não saber como construir as coisas sem que amanhã as destrua, a
incessante necessidade de aventura, o horror a morte.
Também herdei os laços fortes de amizade, a dor
pela perda do outro, a beleza existente em cada gesto, em cada olhar, em cada
abraço.
De Logun Edé herdei a saudade (que me persegue em
todos os momentos de solidão), também herdei a solidão, a solidão da noite, da
lua, do escuro. A solidão das plateias lotadas e dos cinemas da cidade.
Herdei o dom da beleza e da necessidade de beleza;
herdei a fala fácil, o argumento imbatível, o riso debochado.
De Logun Edé herdei o medo da velhice, da dor, da
tristeza,
Mas também herdei a capacidade de estar no mundo
livre, leve, solto e amando sempre, mesmo que esse amor não se traduza em
felicidade.
Herdei de Logun Edé a eterna busca por saber quem
afinal eu sou.
Herdei a Beleza de Yami Osún Yponda,a Senhora da Inocência, incompáravel e divinal!Seus encantos,magias,poderes e sedução,e de adentrar no culto das Feiticeiras Osórongas!
Herdei a sabedoria,o respeito,a tranquilidade,a caça diária,a pesca,de se calar na hora certa e de se esconder,a busca diária de Erinlé,e de adentrar no Reino do Rei Ibuálamo- O Segredo do Rio
Obrigado Logun Edé por tudo isso que me legastes
como herdeiro.
Sou filho do Príncipe