15.10.13

Obara meji

        Este Odù denota que a pessoa está em um estado de incerteza ou suspense, incapaz de tomar  decisões. Os filhos deste Odù têm um a  tendência em comprar por impulso e muitas vezes tornam-se vítimas de ilusões. Eles lamentam a maioria de suas decisões por toma-las nervosamente e às pressas.  Para prosperar na vida,  os filhos deste Odù  irão precisar aplacar  suas cabeças (Orí) de tempos em tempos.
O rei de Olo em Ogbomosho trabalhou uma fazenda de melão grande. Seu filho Obara nasceu durante uma safra recorde. Obara tem um tabu contra comer ou matar pequenos pássaros. Ele não pode caçar, nem ele pode plantar sementes de melão. Ele deve adorar os Orixás das colinas.
Observação ocidental: Bloqueios ou dificuldades temporais ou espirituais/emocionais devem ser discursadas.
Odù Obarameji  ocupa  o sétimo lugar na ordem fixada por Òrúnmìlà. Para um cliente que esteja lidando com negócios, Ifá diz que para  ter  uma casa cheia de clientes e amigos, ele ou ela terá que oferecer sacrifícios e também seguir Òrúnmìlà.
Obara Meji é um Odu composto pelos Elementos Ar sobre Terra, com predominância do primeiro, o que indica a evolução através da experiência adquirida na busca do objetivo pretendido.
É um Odu masculino. Exprime a força, o poder e a possibilidade de realização humana.
Obara Meji, criou o ar e por extensão os ventos. Dele depende a existência dos bosques cheios de ramagens, das forquilhas e de todo tipo de bifurcações.
Neste odu nasceram as riquezas, o costume de usar jóias, os mestres e o ensino.
Aqui surgiu o adultério e neste Odu o ser humano aprendeu a mentir e a ser enganoso.
Prenuncia expansão física e moral, regularização, alegria, ambição, questões relacionadas a dinheiro, processos em andamento, solução de problemas de ordem financeira.
Os filhos deste Odu são pessoas alegres e festivas, carregadas de religiosidade e que gostam de observar e manter tradições. Um tanto quanto atraídas pela mentira, criam situações fantasiosas, nas quais acabam acreditando, como se fossem a mais pura verdade. Gostam de se envolver em problemas que não lhes dizem respeito, o que quase sempre acaba por deixa-los em situações delicadas. Devem cuidar-se muito bem, pois tem
uma tendência muito forte pelas ações fantasiosas, o que pode deixar completamente loucas. Bem dispostas e alegres, são geralmente pessoas saudáveis e que se recuperam com facilidade de qualquer doença, usando para isto, recursos buscados em si mesmo.
É um odu de prenúncios quase sempre positivos, muito embora seu aspecto negativo seja terrível e traga fatalidades como loucura, miséria total, traição e calunia.Se o Odù Obara meji for aparecer no jogo para alguém, ele diz que à parte das dificuldades financeiras,    o cliente está rodeado de inimigos que querem fazer uma   tocaia contra ele ou fazer um ataque de surpresa em sua vida ou na sua casa. A dificuldade financeira se amenizará e os inimigos serão derrotados quando o  cliente concordar em realizar todos  os sacrifícios prescritos por Ifá.  Por fim, a  pessoa descobrirá quem são seus inimigos e será capaz de identificar o que gerou seus problemas.
Otunwesin (“a mão direita lava a esquerda”).
Osinwetun (“a mão esquerda lava a direita”).
Eis o que limpa as mãos.
 Elas foram as que realizaram divinações de Ifá para a árvore Awun quando Awun ia lavar a cabeça (ori) de Ondero.
Foi dito que ele prosperaria.
Ele deveria portanto ofere uma ovelha, uma pomba, e contas de coral.
Ele obedeceu e fez o sacrifício.
Foi pedido à ele que amarrasse as contas na esponja que ele usaria para se lavar.
Otunwesin, Osinwetun, eis o que limpa as mãos.
Foram elas que realizaram a divinação de Ifá para Ondero quando a árvore Awun ia lavar sua cabeça (ori).
Foi pedido à ele que sacrificasse de forma à ter uma boa pessoa que lavasse sua cabeça.
Ondero disse, “Qual é o sacrifício?“
O Babalawo disse que ele deveria oferecer tecido branco e uma pomba.
Ele realizou o sacrifício.
Portanto, qualquer um que receber este Odù será orientado a usar roupas brancas.
Ojikutukutu Baragendengenden-bi-igbá-elepo foi quem realizou divinação de Ifá   para Eji-Obara, que estava vindo para Ife.
Foi orientado a ele que sacrificasse uma ovelha para evitar doença.
Ele se recusou a oferecer o sacrifício.
Quando Eji-Obara chegou em Ife, ele estava entretido com a carne de uma ovelha.
Ele a comeu e ficou tão terrivelmente doente que seu tórax por fim estava grande de uma forma anormal.
Desde então, aqueles que são nascidos para este Ifá sempre terão o tórax extraordinariamente grande.
Tabu : Aqueles que são nascidos por Odù Obara meji não devem comer carne de ovelha.

Itan:
Dizem que no principio do mundo, 15 dos 16 odus seguiram todos à casa do Oluwo, afim de procurar os meios que os fizessem mudar de sorte, mas nenhum deles fez o que foi determinado pelo Oluwo. Obará um dos dezesseis odus existentes,não se encontrava no grupo na ocasião em que os demais foram consultar o oluô. Sendo ele, porém, sabedor do ocorrido, apressou-se em fazer o que o oluô determinara. E que os demais odús não fizeram por simples capricho da sorte. Obará com afinco fez o máximo que pode para conseguir seu desejo, dada a sua condição precária (de pobreza).
Como era de costume, os 15 odús de cinco em cinco dias iam à casa de Olofin, e nunca convidavam obará , por ser ele muito pobre, tanto que olhavam para ele sempre com menosprezo. Pois, então, foram a casa de olofim, jogaram e até altas horas do dia não acertaram o que queriam que Olofin adivinhasse e, com isso, acabou que todos eles se retiraram sem ter sido satisfeita sua curiosidade. Olofin, com desprezo, ofereceu uma abóbora a cada um deles, e eles, para não serem indelicados levaram consigo as abóboras ofertadas.
No caminho, porém, alguém se lembrou apontando para a casa de obará, de fazer ali uma parada, embora alguns fossem contra, dizendo que não adiantaria dar semelhante honra a obará, pois ele era um homem simples que nunca influía em nada.
Mas um deles, mais liberal, atreveu-se a cumprimentar obara-meji com estas palavras:
-Obará, bom dia !  Como vais de saúde? Será que hás de comer com estes companheiros de viajem?
Imediatamente respondeu ele que entrassem e se servissem da comida que quisessem. Dito isso, foram entrando todos, eles que já vinham com muita fome, pois estavam desde a manhã sem comer nada na casa de olofim.
A dona da casa foi ao mercado comprar carne para reforçar a comida que tinha em casa e, em poucas horas, todos almoçaram à vontade. Depois, obará convidou todos para que se deitassem para uma madorna, pois estavam todos cansados e o sol estava ardente. Mais tarde, eles se despediram do colega e lhe disseram:
-Fica com estas abóboras para ti . E lá se foram satisfeitos com a gentileza e a delicadeza do colega pobre e, até então, sem valia.
Mais tarde, quando Obará procurou por comida, sua mulher o censurou por sua fraqueza e liberalidade, dizendo que ele tinha querido mostrar ter o que não tinha, agradando a eles que nunca olharam para ele, e nunca ligaram nem deram importância ao colega.
Porém as palavras de obará eram simples e decisivas.
-Eu não faço mais do que ser delicado aos meus pares, estou cumprindo ordens e sei que fazendo estes obséquios, virá à nossa casa prosperidade instantânea.

Finda explicação, Obará pegou uma faca e cortou uma abóbora, surpreendendo-se com a quantidade de ouro e pedras preciosas que haviam dentro dela. Surpreso, e com muita felicidade, viu que em uma abóbora havia lhe dado o título de odú mais rico, porém logo percebeu que haviam mais outras 14 abóboras a serem abertas e em cada uma delas haviam outras riquezas em igual quantidade.
Obará comprou tudo que precisava, palácio e até cavalos de várias cores.
Daí que estava marcado o dia para todos os odús irem novamente à conferencia no palácio de olófim, como era de costume, já muito cedo, achavam-se todos no palácio, cada um no seu posto junto a olofim.
Quando obará veio vindo de sua  casa com uma multidão que o acompanhava, até mesmo os músicos de uma enorme charanga. Enfim, todos numa alegria sem par. De vez em quando, obará mudava de um cavalo para outro em sinal à nobreza.

Os invejosos começaram a tremer e esbravejar, chamando a atenção de olofim que indagou o que era aquilo. Foi então que lhe informaram que era obará. Então perguntou olofim aos demais odús o que tinham feito com as abóboras que presenteara a eles. Responderam todos que haviam jogado no quintal de obará. Disse então olofim que a sorte estava destinada a ser do rico e próspero obará. O mais rico de todos os odús.
Versos:
Ogigif’oju-iran-wo’le consultou Ifá para Atapere, a filha de Owa-Olofin.
Foi pedido à ela para fazer um sacrifício de ogi-ori (banha de òrí pura), ojo-owu (muita lã de algodão), e uma ovelha.
Ela obedeceu e sacrificou.
Foi então assegurado à ela que ela teria muitos filhos.
Ela estava tendo seiscentas crianças todos os dias após ela ter comido o remédio de Ifá  cozinhado para ela.
Folhas de Ifá: Cozinhe ogi-ori com folhas biyenme, cravos, e irugba; triture junto com outro ingredientes para fazer uma sopa para ser comida por ela.
Do mesmo modo, este remédio pode ser cozinhado para clientes para quem este Ifá  seja lançado e que já tenham realizado o sacrifício prescrito por Ifá .

27.8.13

Tradição e Cultura


Nós procuramos o saber, procuramos obter do exterior tudo o que podemos. Cada povo precisa, sim, ter raízes em sua própria cultura, mas também é preciso abrir-se para as outras culturas, pois já não mais existe uma cultura que esteja fechada às outras. A partir do momento que você fala uma língua que lhe permite comunicar-se com os outros, de ler e ouvir o que os outros produzem, você passa a conhecer a cultura dos outros e, portanto, torna-se parte da cultura da humanidade. 

3.4.13

Logunedé


Logun-Edé
Logun-Edé é o orixá da beleza e da caça, Filho de Oxum Ipondá e Oxossi Inlè, carrega fortemente as características de seus pais.
Segundo seu culto e seus Itans, Logun-Edé vive seis meses na mata caçando com seu pai e seis meses no rio pescando com oxum.  Isso chega a ir mais além, pois em suas lendas contam que Logun-edé veste-se seis meses como pai e seis mese como a mãe.
Como símbolo da pureza, muitas vezes Logunedé também é visto como um ser andrógino. Ao contrário do que muitos pensam, Logun Ede não é de características masculina e feminina, não é bissexual. Na verdade possui uma grande relação com Òsun, sua mãe e com Erinlé, seu pai, trazendo consigo a personalidade desses dois Òrìsà e algumas características marcantes, mas nada que o transforme em um hermafrodita que durante seis meses é Oboró e seis meses Ìyábá como algumas pessoas assim o dizem e usam deste artifício para denotações homossexuais.
Simultaneamente caçador e pescador, Logunedé é o herdeiro dos axés de Oxum e Oxóssi que se fundem e se mesclam como mistério da criação, trata-se de um orixá que tem a graça, a meiguice e a faceirice de Oxum à alegria, à expansão de Oxóssi. Se Oxum confere a Logunedé axés sobre a sexualidade, a maternidade, a pesca e a prosperidade, Oxóssi lhe passa os axés da fartura, da caça, da habilidade, do conhecimento.
Logún-Edé é orixá menino, um Homem adolescente. Aquele que mora entre a terra bruta e as águas limpas da cachoeira.
Após ser abandonado e viver com Ogum, aprende com ele as artes da guerra e da metalurgia. É coroado por Iansã como o príncipe dos Orixás. É amigo íntimo de Yewá, seriam eles os Orixás que se complementam, considerados o par perfeito.
Num mito raro, Logunedé se perde no caminho entre as casas de Oxum e Oxóssi, é encontrado pelo velho Omolu que o ampara e protege. Com Omolu, Logunedé aprende a arte da cura e a feitiçaria. O seu primeiro nome, Logun, no Brasil se mesclou ao segundo, Edé, nome da cidade Iorubá na qual o seu culto se fortaleceu, formando Logunedé. Logun pode ser uma abreviatura de Ologun que, em iorubá, quer dizerfeiticeiro.
Então, feiticeiro, caçador, pescador, príncipe guerreiro, esses são alguns títulos, alguns Epítetos dados à Logunedé.
“Logum-Edé é santo menino que velho Respeita” – Mãe Menininha.
1- Lendas:
Logum Edé era um caçador solitário e infeliz, mas orgulhoso. Era um caçador pretensioso e ganancioso, e muitos os bajulavam pela sua formosura. Um dia Oxalá conheceu Logum Edé e o levou para viver em sua casa sob sua proteção. Deu a ele companhia, sabedoria e compreensão. Mas Logum Edé queria mais, queria muito mais…
E roubou alguns segredos de Oxalá. Segredos que Oxalá deixara à mostra, confiando na honestidade de Logum Edé. O caçador guardou seu furto num embornal a tiracolo, seu adô. Deu as costas a Oxalá e fugiu. Não tardou para Oxalá dar-se conta da traição do caçador que levara seus segredos. Oxalá fez todos os sacrifícios que cabia oferecer e muito calmamente sentenciou que toda a vez que Logum Edé usasse um dos seus segredos todos haveriam de dizer sobre o prodígio:
“Que maravilha o milagre de Oxalá!”. Toda a vez que usasse seus segredos alguma arte não roubada ia faltar.
Oxalá imaginou o caçador sendo castigado e compreendeu que era pequena a pena imposta. O caçador era presumido e ganancioso, acostumado a angariar bajulação. Oxalá determinou que Logum Edé fosse homem num período e no outro depois fosse mulher. Nunca haveria assim de ser completo. Parte do tempo habitaria a floresta vivendo de caça, e noutro tempo, no rio, comendo peixe. Começar sempre de novo era sua sina. Mas a sentença era ainda nada para o tamanho do orgulho de Logum Edé. Para que o castigo durasse a eternidade, Oxalá fez de Logum Edé um orixá.
2- Lendas:
Oxum proibiu Logum Edé de brincar nas águas fundas, pois os rios eram traiçoeiros para uma criança de sua idade. Mas Logum Edé era curioso e vaidoso como os pais. Logum Edé não obedecia à mãe. Um dia Logum Edé nadou rio adentro, para bem longe da margem. Obá, dona daquele rio, para vingar-se de Oxum, com quem mantinha antigas querelas, começou a afogar Logum Edé. Oxum ficou desesperada e pediu a Orumilá que lhe salvasse o filho, que a amparasse no seu desespero de mãe. Orumilá que sempre atendia à filha de Oxalá, retirou o príncipe das águas traiçoeiras e o trouxe de volta à terra. Então deu-lhe a missão de proteger os pescadores e a todos que vivessem das águas doces. Alguns dizem que Iansã foi quem retirou Logum Edé da água e terminou de criá-lo juntamente com Ogum.
Informações:
Nome: Logun-Edé
Cor de Fio de Contas: Azul turqueza e Dourado
Comidas: Omolokum
Saudação: Logún ó Akofá
Dominios: Riqueza, fartura, beleza, terra e água.
Simbolo: Abebê e Ofá
Seus Filhos são:
Os filhos de Logun Edé possuem as características de Oxum, ou seja, narcisismo, vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme, elegância. Tem também características em comum com Oxóssi, ou seja, beleza, vaidade, cautela, objectividade e segurança.
No entanto, há características de Logun Edé que não pertencem nem a Oxum nem a Oxóssi. Na verdade, ele reúne o arquétipo de ambos, mas de forma superficial. A superficialidade é a marca dos filhos de Logun Edé, porque eles, ao contrário dos filhos de Oxóssi e de Oxum não têm certeza do que são nem do que querem. As qualidades de Oxum e de Oxóssi amenizam-se em Logun Edé, mas, em compensação, os defeitos são exacerbados. Dessa forma, os filhos de Logun Edé são extremamente soberbos arrogantes e prepotentes.
Mas algo não se pode negar: os filhos de Logun Edé são bonitos e possuem olho-de-gato, algo que atrai e repele ao mesmo tempo. São mandões, os donos da verdade, os mais belos, cujo ego não cabe em si. Melhor não lhes fazer elogios em sua presença, a não ser que queira ver sua imensa cauda de pavão abrindo-se em leque. Quando têm consciência de que conseguem controlar os seus defeitos, os filhos de Logun Edé tornam-se pessoas muito agradáveis